Publicado em: 17/09/2018 17:09:03
Estudante indígena recebe título de mestre pela UNIR
Gasodá Suruí, da etnia Paitêr Suruí, foi o primeiro estudante indígena a concluir o curso de mestrado pela Universidade Federal de Rondônia.
A defesa da dissertação aconteceu na última sexta-feira (07/09), na terra indígena Sete de Setembro, que fica na linha 09, em Cacoal/RO. Amigos, estudantes e familiares estiveram presentes. Graduado em Turismo, Gasodá Suruí, escolheu o Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Rondônia, para aprofundar suas pesquisas. Ele foi o primeiro indígena a receber o título de mestre na Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
Com o trabalho intitulado “Paiterey Kãrah: A terra onde os paiterey se organizam e realizam a gestão coletiva do seu território”, orientado pelo professor Adnilson Almeida Silva, Gasodá dissertou sobre a importância da valorização e do resgate da cultura Paiter. ”Escolhi esse tema porque há uma preocupação muito grande, no meu ponto de vista, de que é preciso valorizar o seu território, a sua cultura, para manter a sua identidade como povo indígena”, disse agora o mestre.
Compuseram a banca examinadora da defesa, além do orientador, professor doutor Adnilson Almeida Silva, os professores doutores da UNIR Josélia Gomes Neves, de Ji-Paraná, Maria das Graças Nascimento Silva e José da Costas e Silva, ambos de Porto Velho.
Para o orientador, o trabalho é muito bom, com mapas, imagens e entrevistas. Ele ainda disse que a entrada de Gasodá incentiva outros candidatos indígenas a fazer faculdade, mestrado e até doutorado. “A universidade tem muito a ganhar com os conhecimentos que eles trazem. Há uma troca muito grande de informações com outros alunos que não são indígenas, seja em qualquer área do conhecimento, isso é fundamental”, comemorou.
A defesa do mestrado de Gasodá foi marcada por vários momentos históricos. Dia 7 de setembro de 1969, foi a data do primeiro contato oficial da FUNAI com o povo Suruí, e na oportunidade completou 49 anos.
“Wagôh Pakob”
Durante dois anos, Gasodá fez uma análise do seu povo a partir da sua própria visão. Nas pesquisas, percebeu que existem pensamentos diferentes. Alguns, já entendem que é preciso trabalhar para o fortalecimento da cultura e do território indígena. Enquanto outros, ainda não descobriram a potencialidade e os benefícios que a preservação da cultura pode gerar para a própria comunidade. “Quando entrei no mestrado tive a ideia de criar um espaço de vivência dentro do nosso território. A ideia era trabalhar com o fortalecimento das práticas culturais do nosso povo. Esse espaço se chama Wagôh Pakob, que significa em Força da Floresta. Depois que criamos esse espaço, vejo que muitos paiter já acreditam que a cultura é importante”, frisou.
Fonte: PPGG/UNIR